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Última atualização: 16/05/24 às 07:05

Gaming Disorder é o comportamento obsessivo por jogos eletrônicos. A pessoa que possui esse transtorno joga de forma persistente, mesmo mediante as consequências negativas.

Um estudo realizado pela Pesquisa Game Brasil (PGB), desenvolvida pelo Sioux Group e Go Gamers em parceria com Blend New Research e ESPM, revelou que quase 75% da população brasileira já teve acesso a games.

Enquanto para alguns jogar é uma forma divertida e social de passar o tempo, oferecendo uma fuga temporária das pressões do dia a dia, para outros, o que começa como um hobby inofensivo pode rapidamente se transformar em um ciclo vicioso de dependência. 

Essa dependência é conhecida na comunidade médica como ‘Transtorno dos Jogos Eletrônicos’ ou ‘Gaming Disorder’. Entenda melhor a seguir.

O que é o Gaming Disorder

O Gaming Disorder, também conhecido como Transtorno dos Jogos Eletrônicos, é uma condição de saúde que se refere ao comportamento relacionado ao uso excessivo de jogos eletrônicos. 

Para que alguém seja diagnosticado com Gaming Disorder, deve haver evidências claras de que o indivíduo perdeu o controle sobre a frequência, intensidade e duração de sua interação com jogos eletrônicos. 

Além disso, como você verá ao longo deste artigo, esse comportamento deve causar impactos negativos significativos em áreas importantes da vida, como relacionamentos, trabalho, educação ou outras atividades sociais e pessoais.

Como identificar o transtorno de quem joga muito tempo

A identificação do Gaming Disorder deve ser feita por um profissional da saúde para garantir que as pessoas afetadas recebam o apoio e tratamentos necessários.

O artigo publicado pela Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aponta que, em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a reconhecer o distúrbio de games como um problema de saúde mental.

Assim, este transtorno começou a fazer parte da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, a CID-11, documento de referência para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo.

CID para Gaming Disorder

Na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o Gaming Disorder faz parte da categoria 6D50, que reconhece o uso compulsivo de jogos eletrônicos como um distúrbio de saúde mental.

Conheça os principais sintomas abaixo e, se houver alguma identificação, procure um profissional especializado para ajudar no diagnóstico e tratamento do transtorno.

Principais sintomas do Gaming Disorder

Obsessão por games

A obsessão por games envolve manter um foco excessivo nos jogos com uma constante vontade de acessar games pelo celular ou computador. Tudo no dia da pessoa é pautado nisso.

Ela tende a parar de fazer atividades corriqueiras, como estar com a família, estudar, sair com os amigos, trabalhar e deixa de lado, até mesmo, cuidados com a higiene.

Com isso, o jogador pode ter prejuízos em diferentes áreas da vida, podendo, por exemplo, perder o emprego, o contato com as pessoas próximas e até ficar doente.

Sintomas físicos

Os sintomas físicos de Gaming Disorder geralmente são secundários às implicações comportamentais e emocionais do transtorno. 

Eles podem incluir má nutrição, de acordo com o Instituto de Psicologia da USP, problemas de audição e obesidade.

Outros sintomas físicos são postura inadequada, alterações no sono e dores de cabeça. 

Jogar por longos períodos sem pausas adequadas também pode levar a lesões musculares, como tendinite e síndrome do túnel do carpo, condição em que o nervo do punho fica comprimido devido ao uso repetitivo de teclados, mouses ou controladores.

Além disso, jogar em excesso pode causar fadiga ocular, visão embaçada e outros problemas de visão, conhecidos como síndrome do olho seco.

Ansiedade

Quem sofre de Gaming Disorder pode ficar preocupado com o tempo em que passa sem jogar, o que pode gerar quadros de ansiedade.

Alguns jogos eletrônicos apresentam eventos ou desafios com prazos definidos. Isso pode causar ansiedade à medida que os jogadores se sentem instigados a concluir esses eventos.

Abstinência

A abstinência cria uma necessidade intensa e quase incontrolável de voltar a jogar, mesmo que a pessoa esteja ciente dos danos que o uso excessivo de jogos esteja causando em sua vida. 

Como prevenir o Gaming Disorder

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a prevenção é essencial para evitar o desenvolvimento do Gaming Disorder. É fundamental estabelecer limites saudáveis para o tempo gasto em jogos, sobretudo para crianças e adolescentes.

Confira algumas atitudes relativamente simples podem ajudar na prevenção do transtorno:

Educação e conscientização

É crucial que pais, cuidadores e educadores estejam cientes dos riscos associados ao uso excessivo de jogos eletrônicos. Eles devem entender os sinais de alerta do Gaming Disorder e estar preparados para intervir caso surjam preocupações.

Estabelecimento de limites

Desde cedo, é importante estabelecer limites de uso de telas. Ter um equilíbrio entre o tempo de jogo e outras atividades, como estudos, exercícios físicos e interações sociais, de preferência offline, é essencial. 

Veja a seguir o tempo de tela recomendado pela Organização Mundial da Saúde para cada faixa etária.

De 0 a 2 anos: nenhuma exposição a telas.

De 3 a 5 anos: até uma hora ao dia.

De 6 a 10 anos: até uma hora e meia ao dia.

De 11 a 13 anos: até duas horas ao dia.

De 14 a 18 anos: até três horas ao dia.

Comunicação aberta

É importante que os pais criem um ambiente, no qual crianças e adolescentes se sintam à vontade para conversar sobre o seu uso de jogos eletrônicos e quaisquer preocupações que possam ter. A comunicação aberta ajuda a identificar problemas precocemente.

Incentivo à realização de atividades offline 

Incentive a participação em atividades físicas, esportes, leitura, arte e outras atividades criativas e sociais. Isso ajuda a diversificar os interesses das crianças e a evitar a dependência exclusiva de jogos eletrônicos.

Monitoramento de comportamento

Esteja atento a quaisquer mudanças significativas no comportamento da criança ou adolescente, como isolamento social, queda no desempenho escolar ou negligência de responsabilidades em relação aos cuidados com higiene, organização de estudos, entre outras. Esses podem ser sinais de Gaming Disorder.

Busca de ajuda profissional

Se houver preocupações sobre o uso exacerbado de jogos, é importante buscar ajuda de um médico e/ou psicólogo e, se necessário, eles poderão indicar outros profissionais de saúde. Quanto mais cedo o transtorno for identificado, mais bem-sucedido será o tratamento.

Tratamento para Gaming Disorder

O tratamento para o Transtorno de Jogos Eletrônicos envolve uma abordagem multidisciplinar e é adaptado às necessidades individuais. 

O primeiro passo é uma avaliação cuidadosa e um diagnóstico preciso do transtorno por um profissional de saúde mental. 

Leia também: Saúde mental e internet: como a web pode te ajudar

O tratamento também pode incluir psicoterapia e o manejo de sintomas de abstinência, como ansiedade, irritabilidade e insônia. Isso pode ser feito por meio de técnicas de relaxamento, meditação, medicamentos e outros métodos.

Lembre-se de que somente um profissional de saúde especializado pode diagnosticar e prescrever o tratamento adequado, com base no histórico e características comportamentais do paciente.

Em busca do equilíbrio saudável no uso de jogos eletrônicos

Neste artigo, exploramos os sintomas, as consequências e as estratégias de tratamento e prevenção relacionadas ao Gaming Disorder com a intenção de oferecer informações úteis para quem deseja aprender como lidar com ele.

Encontrar um equilíbrio saudável no uso de jogos eletrônicos é um desafio real. Sabemos que a tecnologia desempenha um papel importante em nossas vidas e que é possível utilizá-la de maneira consciente e saudável.

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