O termo brain rot descreve o estado de cansaço mental e perda de foco causado pela exposição constante a estímulos rápidos, repetitivos e pouco desafiadores.

Em 2025, a Oxford University Press elegeu brain rot como palavra do ano, definindo-a como a “suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa” provocada pelo consumo excessivo de material trivial.

Ou seja, o brain rot não está ligado apenas ao conteúdo digital: ele também pode surgir de qualquer tipo de sobrecarga cognitiva, quando passamos tempo demais absorvendo informações superficiais, sem dar espaço para o descanso ou para o pensamento profundo.

Veja, neste artigo:

O que é brain rot?

O termo brain rot – ou apodrecimento cerebral – é o cansaço mental somado à falta de foco causado pelo consumo prolongado de conteúdos digitais rápidos e repetitivos.

Embora soe como uma expressão comum da internet, o conceito tem fundamento: nosso cérebro busca constantemente recompensas rápidas. 

Quando passamos horas em aplicativos que oferecem estímulos curtos, nosso sistema de atenção se adapta a esse ritmo e perde parte da capacidade de se concentrar em tarefas mais longas.

Mas é importante frisar: o problema não é a tecnologia em si. Atualmente, o brain rot é um sintoma do uso excessivo e desregulado das telas, especialmente quando não há pausas, propósito ou curadoria do que consumimos.

O que a ciência diz sobre os efeitos de brain rot?

Pesquisas recentes indicam que os impactos do uso prolongado das telas estão surgindo cada vez mais cedo. E vem afetando tanto adolescentes quanto adultos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC):

  • 50% dos adolescentes nos Estados Unidos passam quatro horas ou mais por dia olhando para telas;
  • Adultos passam, em média, mais de seis horas diárias online.

Essa exposição contínua tem sido associada a alterações cognitivas, emocionais e físicas. A Análise de 2024 do estudo Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), o maior estudo de desenvolvimento cerebral infantil de longo prazo nos EUA, observou que:

  • Adolescentes e jovens com maior tempo de tela apresentaram índices mais altos de depressão, ansiedade e TDAH;
  • Também foram relatados sintomas físicos como dor de cabeça, tontura e fadiga, resultantes da sobrecarga sensorial.

Nos adultos, os efeitos aparecem de forma diferente, mas igualmente preocupante:

  • Queda na produtividade e na capacidade de foco;
  • Dificuldade de concentração prolongada em tarefas que exigem raciocínio contínuo;
  • Sensação de esgotamento mental mesmo sem esforço físico;
  • E uma sobrecarga de informações que reduz a clareza e a capacidade de priorização.

Gráfico comparando os sintomas de ansiedade e depressão em pessoas com mais de 4 horas e menos de 4 horas diárias de uso de tela, destacando maior incidência em quem usa mais de 4 horas.

Como identificar sinais de brain rot?

O brain rot nem sempre se manifesta de forma óbvia. Ele costuma aparecer aos poucos, por meio de mudanças sutis na rotina, no humor e na capacidade de atenção. Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para recuperar o equilíbrio.

  • Dificuldade de concentração;c
  • Sensação constante de tédio ou inquietação;
  • Queda na produtividade;
  • Sobrecarga mental;
  • Alterações de humor;
  • Desconexão social.

Se esses comportamentos se tornam frequentes, é um sinal de que o uso das telas pode estar ultrapassando o limite saudável. Ajustar hábitos digitais e criar pausas conscientes ajuda a restaurar a clareza mental e o prazer nas atividades do dia a dia.

Como prevenir o brain rot?

Evitar o brain rot não significa desconectar-se completamente, mas reaprender a usar a tecnologia de forma intencional. E, de acordo com o Dr. Dráuzio Varella, algumas medidas simples funcionam plenamente. Descubra abaixo!

  • Estabeleça limites de tempo de tela: use ferramentas que monitoram o uso de aplicativos e determine horários fixos para se desconectar, especialmente antes de dormir.
  • Desative notificações desnecessárias: reduza os estímulos automáticos que interrompem seu foco e aumentam a ansiedade.
  • Delimite espaços livres de telas: evite usar o celular durante as refeições ou em ambientes destinados ao descanso, como o quarto.
  • Programe pausas digitais regulares: reserve momentos do dia ou do fim de semana para ficar totalmente offline e permitir que o cérebro “respire”.
  • Priorize o sono: evite telas pelo menos uma hora antes de dormir. A luz azul e o estímulo constante dificultam o relaxamento.
  • Escolha atividades offline que te estimulem: leitura, caminhadas, conversas com amigos ou qualquer prática que te reconecte ao presente.
  • Valorize trocas reais: procure se conectar mais com pessoas próximas, em vez de recorrer sempre às redes sociais quando sobra tempo.

Recuperar o foco é possível: o cérebro se adapta!

O brain rot não é uma condição permanente, mas um estado temporário de saturação mental, provocado pela exposição contínua a estímulos rápidos.

Quando o cérebro se acostuma a esse ritmo, ele tende a perder momentaneamente a capacidade de se concentrar por longos períodos. A boa notícia é que o mesmo cérebro que se adapta ao excesso também é capaz de se reprogramar para a calma e o foco.

Pesquisas recentes confirmam essa capacidade de reversão: um estudo publicado na BMC Medicine (2025) mostrou que reduzir o tempo diário de tela para até duas horas por dia durante três semanas já resultou em melhorias significativas na qualidade do sono, redução do estresse e aumento da sensação de bem-estar.

Outro levantamento, publicado pela Frontiers in Human Dynamics (2025), analisou práticas de “digital detox” e concluiu que pausas intencionais no uso de tecnologia melhoram a atenção e fortalecem a auto reflexão, funções vitais para restaurar o foco.

O sono também é um aliado imprescindível: é durante ele que o cérebro realiza uma “limpeza” natural, processando memórias e restaurando energia mental. Em poucas semanas, essas pequenas mudanças já trazem resultados perceptíveis

Entre pausas e conexões: o caminho para uma mente mais saudável

O tema brain rot, saúde mental e internet nunca estiveram tão conectados. E isso é uma boa notícia. Esse diálogo mostra que estamos aprendendo a usar a tecnologia de forma mais consciente, entendendo seus impactos e também seu potencial de bem-estar.

O brain rot não é um problema causado pela internet, mas um sinal de desequilíbrio na maneira como nos relacionamos com ela. 

Quando usamos a tecnologia com propósito, para aprender, criar, trabalhar ou simplesmente relaxar, ela se torna uma aliada poderosa. O desafio está em encontrar pausas, curadoria e presença em meio a tantas possibilidades.

E, se em algum momento sentir que o uso da tecnologia está impactando seu bem-estar, buscar ajuda profissional também é um passo importante.

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